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Energia solar ganha espaço nos lares



Tecnologia considerada inacessível e até “de outro mundo” há seis anos, a energia solar está sendo cada vez mais utilizada pelos potiguares. A quantidade de sistemas instalados no RN disparou de 2015 a 2021, saltando de 46 para 14.592 sistemas conectados à rede solar do Estado, podendo atingir a marca de 16 mil sistemas ainda em 2021. Interlocutores do setor e especialistas apontam a popularização do produto, a chegada de empresas especializadas e o financiamento feito por bancos como fatores que ajudam a explicar o crescimento exponencial desse modal energético.

Os dados, de um levantamento feito pela Associação Potiguar de Energias Renováveis (APER), o qual a TRIBUNA DO NORTE teve acesso, também mostra que 164 cidades do Estado já possuem ao menos um sistema de geração solar. Em 2015, por exemplo, apenas 13 municípios potiguares possuíam sistemas instalados. Em 2021, a APER estima que o crescimento de instalações seja de 9,3% ao mês, até outubro.


“O sucesso é porque você investe na sua geração de energia e imediatamente fica sem pagar sua conta. Você vira, economicamente sustentável, porque você faz um financiamento e deixa de pagar a conta e paga ao banco. Então você se beneficia da maravilha que temos que é o sol, com boa parte do RN no semiárido. O que antes era um incômodo e um grande problema, a seca, hoje pode ser utilizado para gerar energia e causar esse diferencial”, aponta o presidente da entidade, Max Diógenes, que reforça ainda a importância dos clientes se certificarem das empresas ao contratar o serviço.

De acordo com o estudo feito pela APER, o Estado apresenta uma capacidade instalada acumulada da ordem de 169,5 megawatts (cerca de 11% de toda a potência instalada no Nordeste). “Isso representa, são aproximações, claro, mas daria para atender um município com aproximadamente 63 mil domicílios, cerca de 85% de domicílios de Parnamirim, a 3ª maior do RN”, exemplifica José Maria Villar, economista, consultor e vice-presidente da APER.

A potência instalada acumulada no RN, atualmente, ocupa a 4ª posição em nível de Nordeste, abaixo apenas de Bahia, Ceará e Pernambuco. A estimativa é que a potência instalada alcance um investimento estimado de R$ 713 milhões, dos quais cerca de R$ 345 milhões apenas de janeiro a outubro de 2021.

“São mercados muito maiores, essas populações têm poder aquisitivo maiores e consequentemente se tem um mercado industrial e de serviços muito grande. Sendo um Estado pequeno e comparando com esses três que se destacam em termos econômicos, estamos bem posicionados. Podemos crescer? Sim, mas depende de vários fatores, eomo a recuperação econômica do país”, explica Hugo Fonseca, coordenador energético da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RN (Sedec-RN).

Especialistas no setor citam que, diferentemente de 2015, ano do surgimento e do “boom” da energia solar no Estado e no País, os valores atualmente para se instalar um kit de energia solar caíram em torno de 40%. Numa casa de consumo médio de 530 KWs/mês, por exemplo, com fatura de R$ 500, o investimento seria de cerca de R$ 17 mil. A aplicação com a economia na conta de energia, por exemplo, tem retorno em média de 3 a 5 anos. “O kit comprado tem uma durabilidade de 25 a 30 anos”, defende José Maria Villar.

Uma vez instalada a energia solar na residência, estabelecimento comercial ou indústria, no caso do Rio Grande do Norte, os usuários seguem pagando a taxa mínima à concessionária Cosern, proporcional ao consumo.

Além disso, segundo explica José Maria Villar, ao fazer a conexão do projeto à rede de energia elétrica, a concessionária substitui o medidor convencional por outro medidor, chamado bidirecional. Se a energia gerada pelo sistema for menor do que o consumo no momento em que está sendo gerada, o sistema capta a energia na rede; se a energia gerada pelo sistema for maior do que o consumo no momento em que está sendo gerada, o excedente é injetado na rede.

Ao fechar a conta mensal do cliente, a concessionária registra na própria conta se houve geração maior do que o consumo durante o período apurado. Se tiver ocorrido geração maior do que o consumo, o montante de créditos excedentes (em kwh) é consignado na conta. É esse “estoque" de créditos em kwh que pode ser compensado no prazo de até 60 meses.

Entidades focam na capacitação

O ecossistema que norteia a energia solar do Rio Grande do Norte possui capacitação constante, que acaba por gerar emprego e renda dentro do próprio Estado. É o que garante o diretor do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis, Rodrigo Mello.

“Entramos firmemente na formação de pessoas. Já formamos mais de 1.200 profissionais, em diversas áreas, focados em instalação de fotovoltaica nos últimos cinco anos”, explica.


O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-RN) também possui um projeto para dar suporte técnico e gerencial às empresas do setor.

De acordo com a gerente da Unidade de Desenvolvimento Setorial do Sebrae, Lorena Roosevelt, o “RN Solar” tem capacitações e consultorias e também busca divulgar “os benefícios da energia solar para os consumidores, principalmente para os pequenos negócios do agronegócio, indústria, comércio e serviços”.

No próximo dia 02 de dezembro, o Sebrae fará uma rodada de negócios na sede da entidade. Na ocasião, 25 empresas que vendem sistemas e estão em processo de capacitação com o Sebrae estarão disponíveis para apresentar seus diferenciais para pessoas físicas e empresas que desejem avaliar a viabilidade de aderir a esta fonte de energia. As inscrições podem ser feitas pelo site do Sebrae.

Caixa financiará aquisição de placas

A Caixa deve lançar no mês que vem um programa destinado a implantação de energia solar nas residências brasileiras. O Caixa Energia Renovável vai financiar a aquisição de placas solares com juros de 1,17% ao mês, disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. “É a menor taxa de crédito”, disse Guimarães.


O financiamento poderá ser contratado por meio do celular, pelo aplicativo Caixa Tem. Ele terá carência de seis meses e cinco anos para o pagamento.


O financiamento de placas solares por parte de bancos públicos e privados já é uma realidade há alguns anos em todo o País. Desde 2018, por exemplo, o Banco do Nordeste faz o financiamento para pessoas físicas com limite de até R$ 100 mil, prazo de pagamento de até oito anos e carência de até seis meses. Para valores até R$ 50 mil, a garantia necessária será aval somado à alienação dos equipamentos; acima deste valor, será garantia real mais alienação dos equipamentos.

Panorama do RN
Evolução de instalações, segundo dados da APER
Sistemas conectados à energia solar no RN
2015 46
2016 85
2017 176
2018 511
2019 1.664
2020 3.462
2021* 8.648
Total 14.592


Potência anual de sistemas
conectados à rede do RN (KWP):
2015 612,50
2016 1.154,82
2017 3.004,30
2018 7.890,31
2019 24.831,90
2020 50.037,06
2021* 81.926,18
Total 169.457,07

Municípios com geração solar distribuída no RN
2015 13
2016 26
2017 43
2018 70
2019 120
2020 152
2021* 164 (98,2%)


Investimento anual
estimado no RN
2015 R$ 2.578,63
2016 R$ 4.861,79
2017 R$ 12.648,10
2018 R$ 33.218,21
2019 R$ 104.542,30
2020 R$ 210.656,02
2021* R$ 344.909,22
Total R$ 713 milhões

TN

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