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Lula e PT se aproximam de Putin em meio a ofensiva diplomática da Rússia contra o Ocidente


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do PT intensificaram sua aproximação com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, nos últimos dias. Além de uma visita "secreta" do assessor especial da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, integrantes do PT estiveram em um evento do partido de Putin destinado a fazer oposição política aos Estados Unidos e seus aliados.

A aproximação ocorre em paralelo a um esforço da Rússia nas áreas de diplomacia, propaganda e operações de guerra cibernética visando aumentar a influência do Kremlin sobre países da África e da América Latina. Os objetivos são achar novos parceiros comerciais para escapar das sanções econômicas ocidentais a Moscou e reforçar a narrativa falsa de que a Rússia teria invadido a Ucrânia para defender seu próprio território contra o Ocidente.

Na semana passada uma comitiva integrada por membros de alto escalão do PT atendeu a um convite do partido de Putin, o Rússia Unida, para visitar Moscou. A pauta do encontro foi o combate ao "neocolonialismo" praticado por nações europeias e pelos Estados Unidos contra nações em desenvolvimento, na visão russa.

Esse discurso baseia ações de propaganda russa, que ocorre nas redes sociais e em visitas diplomáticas, que se intensificaram na África em 2022. Isso foi uma resposta a rejeição sofrida por Moscou na Europa e em parte da Ásia por causa da invasão da Ucrânia. Países como Mali, Burkina Faso e Mauritânia têm sido alvos do Kremlin. Hackers e diplomatas russos exploram o rancor dessas nações em relação ao seu passado colonial, com o objetivo de aumentar a rejeição a países europeus modernos que há séculos foram colonizadores.

A ideia do Kremlin é expandir a campanha de informação também para a América Latina. "Se a União Soviética contribuiu para acabar com o sistema colonial, agora colocaremos o último prego no caixão das aspirações neocoloniais do Ocidente junto com outros países", escreveu o presidente do partido Rússia Unida, Dmitry Medvedev, no site do partido no mês passado.

Na comitiva petista que foi à Rússia estavam o ex-deputado Henrique Fontana, secretário-geral do partido, e um dos fundadores do PT, Romênio Pereira. Atual secretário de Relações Internacionais do partido, Pereira é autor de artigos que elogiaram as ditaduras da Venezuela e da Nicarágua. Ele também tem articulado a integração do PT com partidos de esquerda da América Latina. No mês passado visitou o Departamento Internacional do Partido Comunista da China em companhia de representante da organização esquerdista Foro de São Paulo, segundo o site do PT.

Fontana afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que a visita foi uma agenda de "diplomacia partidária". "Estávamos representando o partido, não o governo. Naquilo que nos cabe, colocamos a disposição do presidente Lula de contribuir com a criação de um clube de países que facilitem um ambiente de diálogo para um acordo de paz [com a Ucrânia]. Todos se mostraram bastante abertos a isso", afirmou o petista.

A Gazeta do Povo tentou entrar em contato com Fontana e Pereira, mas eles não retornaram os telefonemas até o fechamento desta edição.

Também estiveram em reunião com o partido Rússia Unida, na semana passada, membros do partido CNA, da África do Sul. Junto com o Brasil, o país faz parte do bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Os sul-africanos vêm sendo um dos maiores alvos da diplomacia de Moscou e devem sediar um encontro dos BRICS em agosto.

O Kremlin estaria tentando negociar com a África do Sul que Putin participe do encontro sem ser preso. Isso porque o líder russo é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra cometidos na Ucrânia.

Gazeta do Povo

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