O aparelho leu um pequeno texto do qual ele nem lembra por completo, por causa da emoção. Ele tambĂ©m ganhou o dispositivo e jĂĄ faz planos de levĂĄ-lo para o Instituto de Reabilitação e Educação dos Deficientes Visuais de Natal, no Alecrim, onde pode compartilhar com os amigos e tambĂ©m fazĂȘ-los experimentar o aparelho. Ele mora com a mĂŁe no bairro de NazarĂ©, Zona Leste de Natal.
De acordo com sua mĂŁe, Maria Edileuza, 50, ainda nĂŁo caiu a ficha do que aconteceu. “Ainda nĂŁo caiu a ficha para mim nĂŁo. Estou procurando saber o que aconteceu, o que nĂŁo aconteceu. Quero entender como foi que o meu filho viu aquelas palavras ali na frente porque ele leu tudo que tinha ali. Ainda estou anestesiada. Foi muito interessante, muito mesmo”, disse tentando conter o entusiasmo.
A tecnologia do dispositivo foi criada em Israel e Ă© capaz de descrever textos de livros ou qualquer superfĂcie em voz alta e sem a necessidade de conexĂŁo com a internet. A tecnologia jĂĄ Ă© usada no Brasil, mas nĂŁo hĂĄ registros de que tenha sido usada no RN anteriormente. O dispositivo pesa cerca de 22 gramas e se conecta a todo tipo de armação de Ăłculos. Basta apontar o dedo onde quer que se faça a leitura e ouvir.
O teste foi uma das melhores experiĂȘncias na vida de NetĂŁo que, mesmo que tenha 25 anos, sua idade Ăłssea Ă© de um adolescente de 14 anos e por isso nĂŁo consegue andar. Com um ano e seis meses ele perdeu parcialmente a visĂŁo, jĂĄ em 2008 perdeu-a completamente. A condição se agravou devido a um craniofaringioma - um tipo de tumor raro, mas benigno, que atinge a regiĂŁo da sela tĂșrcica, no sistema nervoso central (SNC).
O tumor afeta a hipĂłfise, uma glĂąndula cerebral que libera hormĂŽnios para a realização de vĂĄrias funçÔes do corpo, e Ă medida que o tumor cresce pode atingir outras partes do cĂ©rebro e prejudicar o funcionamento do organismo. Mesmo com a condição, segundo a sua mĂŁe, Ă© uma pessoa que gosta de conversar e nĂŁo fica quieto. “Neto Ă© muito medonho em cima dessa cadeira”, conta.
O rapaz gosta de romance e tambĂ©m planeja ler livros do gĂȘnero. Disse que ainda nĂŁo sabia qual, mas vai procurar algum nos prĂłximos dias.
TambĂ©m gosta de desenhos, de dançar valsa e forrĂł. Curte as festa, estĂĄ ansioso para o SĂŁo JoĂŁo e dançou muito no carnaval passado. “Ele Ă© um dançarino, nĂŁo pode ouvir uma mĂșsica, a cadeira que aguente. A gente foi para carnaval. Ele nĂŁo estava dentro da festa, mas sĂł podia ir depois que a festa acabava”, disse Maria Edileuza.
Quem fez o teste foi o gerente do Escritório de Inovação do Instituto de Pesquisa e Inovação (IEPI), Francisco Irochima. A demonstração foi feita frente aos participantes do congresso, deixando-os impressionados. Além dessa demonstração, o evento discutiu temas inovadores na medicina.
Um dos projetos discutidos foi o Mapa Genoma Brasil, lançado em 2020. A iniciativa, de acordo com o Governo Federal, visa incentivar o desenvolvimento cientĂfico e tecnolĂłgico na ĂĄrea genĂŽmica e saĂșde de precisĂŁo dentro do SUS. De acordo com a mĂ©dica e coordenadora, Mariana Beraldo, a fase que estĂĄ em andamento Ă© a estruturação de um banco de dados, com informaçÔes gentotĂpicas, fenotĂłpicas de pacientes com cĂąncer e doenças cardiovasculares.
“A nossa ideia Ă© que a gente possa pensar numa linha de cuidado para o tratamento dos pacientes e a gente pensar no tratamento personalizado deles”, explica. A inovação Ă© pensada a partir do mapeamento genĂ©tico de cada paciente para que o tratamento possa ser feito de maneira personalizada, ou seja,direcionadas para cada pessoa individualmente.
Congresso, realizado pela Liga Contra o CĂąncer, segue atĂ© este sĂĄbado (6) no Centro de ConvençÔes, com palestras que fomentam a discussĂŁo do uso da tecnologia na saĂșde. De acordo com Irochima, o debate vai desde o desenvolvimento de fĂĄrmacos, IA para o diagnĂłstico de cĂąncer de mama, monitoramento de sinais vitais e outros projetos que perpassam a prevenção.
Tribuna do Norte
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