Debate sobre liberação da maconha chega ao esporte - PANORAMA DO ALTO

Últimas

CURSO PROFISSIONALIZANTES

 

sábado, 29 de junho de 2024

Debate sobre liberação da maconha chega ao esporte

O médico do ABC e do CPB, Roberto Vital, ressalta que o processo de liberação do uso social vai levar alguns anos de intensos debates - FOTO: CPB


A questão do uso da maconha por atletas é um debate complexo e leva em consideração diversos fatores. A recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) descriminalizando o porte de até 40 gramas da erva, ao contrário do que se pode imaginar, não liberou o uso do produto no país e no esporte a substância continua sendo encarada como uma droga proibida para os países signatários das normas da WADA (Agência Mundial Antidoping).

O UFC e a NBA não seguem as regras da agência e, por isso, toleram o consumo recreativo da maconha entre os seus atletas. Mas segundo a Agência Mundial, a substância permanece banida de todos os esportes olímpicos, até que estudos provem o contrário em relação ao efeito danoso que algumas substâncias encontradas na droga podem causar a atletas de alto rendimento.

Sendo assim, a maconha foi mantida entre as substâncias proibidas pela Wada na atualização da lista divulgada no ano passado. Apesar da pressão externa para o fim do veto à planta, a Comissão Executiva da entidade entende que o THC, por ter propriedades psicoativas, representa risco à saúde neurológica dos atletas, o que viola o espírito do esporte.

De acordo com a Wada, novos estudos serão feitos para tentar definir o impacto neurológico causado pelo THC e se a substância realmente afeta na melhoria do desempenho de um atleta de alto rendimento. A entidade afirmou que a lista é montada após uma série de reuniões e consultorias com especialistas e é aprovada pelo Comitê de Saúde, Medicina e Pesquisa (HMR) da agência.

O médico do ABC e do Comitê Paralímpico Brasileiro, Roberto Vital, ressalta que o processo de liberação do uso social da droga dentro do cenário esportivo brasileiro, vai levar alguns anos de intensos debates ainda, justamente porque a droga traz em sua composição uma série de produtos, que são minuciosamente estudados pelos técnicos das agências antidoping. As duas organizações americanas, UFC e NBA, optaram por não considerar se o uso da droga é capaz de conceder vantagens ou prejuízos aos usuários durante a prática dos dois esportes.

“A explicação mais lógica é a seguinte, a maconha tem vários produtos dentro da composição dela. O único que atualmente liberado é o CBD, que é o canabidiol. Apesar deste ser tolerado como uso medicinal, sua utilização deve ser acompanhada de uma série de justificativas, às vezes é necessário fazer uma prescrição médica para um atleta poder fazer uso dessa substância, devido ao rigor do controle das agências antidopagem”, afirmou Vital.

O Canabidiol (CBD) é um composto da Cannabis sativa e tem ganhado atenção por seus potenciais benefícios na recuperação muscular, na redução da dor e da inflamação, e até mesmo no aprimoramento do foco e da performance cognitiva. No entanto, é importante diferenciar o CBD do Tetraidrocanabinol (THC), que é conhecido pelos efeitos psicoativos.

O Tetraidrocanabinol (THC) pode ter efeitos prejudiciais ao desempenho esportivo, como redução da coordenação, aumento do risco de traumas e acidentes, além de alteração da percepção e habilidades psicomotoras mais lentas.

Enquanto o CBD foi excluído da Lista de Substâncias Proibidas da Agência Mundial Antidoping em 2018, o THC segue vetado, apesar de ter tido a tolerância aumentada. O uso de maconha fora do período de competição não vem sendo mais punido pela agência desde janeiro de 2021.

A primeira lista de substâncias proibidas pela Wada foi publicada em 2004, visando os Jogos Olímpicos de Atenas-2004, e põe como responsabilidade do jogador (a) que seu corpo não entre em contato (voluntariamente ou involuntariamente) com qualquer substância ou método proibido. O limite de substâncias relacionadas à maconha na urina é de 180 nanogramas.

De acordo com a Wada, todos os canabinóides naturais e sintéticos são proibidos, por exemplo a cannabis (haxixe, maconha) e produtos de canabis; tetrahidrocanabinol naturais e sintéticos (THCs); e canabinóides sintéticos que imitam os efeitos do THC. Em 2023, uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) determinou que os médicos só podem prescrever o CBD para tratar epilepsias na infância e na adolescência.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os comentários são de inteira responsabilidade de seus autores.