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Lula agradeceu deputados e senadores. Oiticica estava 93% concluída em janeiro de 2023 | Foto: Ricardo Stuckert |
A disputa política entre lulistas e bolsonaristas acerca da “paternidade” da Barragem de Oiticica teve continuidade nesta quarta-feira (19), quando a obra foi inaugurada em Jucurutu, com a presença do presidente Lula. Em seu discurso, o presidente disse, primeiramente, que o mais importante não é quem fez a obra, mas quem se beneficia dela. No entanto, logo em seguida, passou a tecer críticas ao seu antecessor, Jair Bolsonaro. Por outro lado, o senador Rogério Marinho (PL), que era ministro do Desenvolvimento Regional à época do Governo Federal, publicou vídeo nas redes sociais no qual defendeu o seu legado para a finalização da obra em Oiticica.
Na cerimônia desta quarta, o presidente Lula terminou reivindicando para si a paternidade de sua conclusão: “Não quero discutir quem fez ou não fez essa obra, mas até agradeço aos deputados e senadores do Rio Grande do Norte que colocaram R$ 203 milhões em emendas para que a obra de Oiticica pudesse andar”.
“Não sei de que partidos eram, não sei em quem votaram, o que sei é que sou agradecido, porque quando um presidente irresponsável só tinha colocado R$ 87 milhões, deputados e senadores tinham colocado R$ 203 milhões para essa obra”, atacou Lula, sem citar diretamente o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, em discurso no começo da tarde da quarta-feira (19).
Lula alegou que, ao assumir o governo em janeiro de 2023, não tinha “nenhum centavo” para a sequência das obras de Oiticica e que, se não tivesse colocado no PAC, não teria continuidade: “A decisão não foi minha, quando cheguei ao governo, convidei os 27 governadores e disse: quero que apresentem de três a cinco obras mais importantes de cada estado, e Fátima Bezerra incluiu Oiticica, que estamos inaugurando, como um dos últimos trechos da transposição das águas do rio São Francisco”.
Já o senador Rogério Marinho publicou um vídeo em suas redes sociais afirmando que “a Barragem de Oiticica não é uma obra do PT”. Ele aponta que a construção da barragem foi retomada por Bolsonaro, com R$ 300 milhões em investimentos, e atingiu 93% de conclusão. “Especialista em enganar o povo, o PT agora se prepara para inaugurar uma obra que não foi prioridade para eles e só avançou graças ao Governo Bolsonaro”, disse o senador.

O vídeo publicado pelo senador também aponta que a obra não foi inaugurada antes por conta dos “atrasos da gestão do PT na construção das agrovilas”, pois, no fim de 2022, já havia sido iniciado o processo de fechamento da barragem. “O impasse para a construção das agrovilas, como num passe de mágica, foi convenientemente resolvido em 2023”, aponta, acrescentando que o atual governo nunca priorizou nem essa obra nem o Nordeste.
Nome da barragem
O deputado estadual Tomba Farias (PSDB) abordou, na sessão matutina da Assembleia, a questão da paternidade da construção da barragem na região do Seridó: “Falo a verdade sobre a barragem Oiticica, que hoje deve ter uns 15 padrinhos”.
Tomba Farias informou que já existe uma lei aprovada em dezembro de 2014 e sancionada no então governo Rosalba Ciarlini, denominando de “Iberê Ferreira de Souza” a barragem de Oiticica, obra que, segundo o parlamentar, chegou a ser licitada no governo Geraldo Melo (1987/1991), mas que, em virtude de intercorrências, o TCU recomendou que os contratos fossem cancelados e novos projetos fossem feitos já no segundo governo Wilma de Faria (2006/2010).
“Posteriormente, Iberê Ferreira, já como secretário de Recursos Hídricos, conseguiu recursos para a elaboração de um projeto, e o Dnocs queria fazer uma barragem maior, o que envolveria o estado da Paraíba e complicaria ainda mais, mas não foi aceito”, reportou.
Tomba Farias explicou que Wilma de Faria e Iberê Ferreira foram depois a Brasília, tendo a ex-presidente Dilma Rousseff autorizado a inclusão da obra de Oiticica no PAC.
“Homologado o resultado da licitação, foram iniciadas as obras da construção da barragem de Oiticica, que, através de projeto da minha autoria, recebeu como ato de justiça a denominação da barragem Iberê Ferreira de Souza, principal responsável pela virada da chave que viabilizou a construção dessa tão importante obra para o estado do Rio Grande do Norte”.
Farias disse que “essa é a verdadeira história da barragem Oiticica Iberê Ferreira de Souza”, tendo prometido levar, na sessão desta quinta-feira (20), “dados concretos, escritos e números, mostrando exatamente quanto foi aplicado nos governos Dilma, Temer, Bolsonaro e Lula”.
O deputado Coronel Azevedo (PL) havia criticado, na sessão da terça-feira (18), o fato de o presidente Lula “vir inaugurar uma obra que, na realidade, praticamente havia sido concluída no governo Bolsonaro”.
“Ao pisar no Rio Grande do Norte, Lula tenta se apropriar de um legado que não é seu e vender como sua uma conquista que, na verdade, pertence a outro governante”, afirmou Azevedo.
Coronel Azevedo disse que a obra, iniciada no primeiro governo Dilma Rousseff (2011/2014), “sofreu diversas interrupções ao longo dos anos e só foi retomada com força pelo governo Bolsonaro, que deixou praticamente tudo pronto. Agora, com a popularidade em queda e disparando aumentos de impostos, Lula busca melhorar sua imagem à custa do trabalho alheio”.
Tribuna do Norte
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