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Comunidade reage a ação contra parques eólicos em Serra do Mel


Morador há mais de 40 anos do município de Serra do Mel, o colono e agricultor Crispiniano Neto contestou, em entrevista à Rádio Jovem Pan News Natal, no programa Ligado nas Cidades desta quarta-feira (6), a legitimidade da ação judicial contra a empresa Voltália, responsável por parques eólicos na região. A ação, movida pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Fetarn) e Serviço de Assistência Rural e Urbano (SAR) pede uma indenização de R$ 106 milhões como fundo reparador. Para Crispiniano, as entidades não representam os moradores e a ação ameaça uma estrutura consolidada que mudou a realidade econômica da região.

Segundo ele, a petição inicial sustenta que os autores da ação representam os moradores locais, mas ignora a existência do sindicato dos agricultores familiares da Serra do Mel, fundado em 1989. A ação alega prejuízos nas produções agrícolas da região, aumento de doenças e perda de direitos. “Não é a comunidade que está na Justiça, nós somos tratados como substituídos; e não somos. Eu não autorizei, não dei procuração para advogado nenhum, não fiz nenhuma instância de deliberação, não participei, nem eu e nem meus colegas”, declarou.


A ação judicial, conforme Crispiniano, requer que os parques eólicos próximos às vilas sejam paralisados, o que, se atendido, levaria à interrupção de 28 dos 36 parques eólicos da região. Além disso, a petição pede a elaboração de um novo estudo de impacto ambiental.
“Se essa ação for vencedora, pode fechar o Idema e jogar a chave na mão do juiz, porque a licença foi concedida dentro da lei, com base em 200 metros de distância mínima e agora querem mudar para dois mil”, criticou.

Crispiniano destacou ainda que os contratos com as empresas eólicas são de longo prazo, com 50 anos, oferecendo segurança jurídica e uma fonte de renda estável para os colonos. “Uma torre daquelas pesa 330 toneladas; como é que você vai tirar isso do meio da terra para botar a dois mil metros de distância?”, questionou.

O impacto econômico com a presença dos parques eólicos, segundo ele, foi transformador. O Produto Interno Bruto médio (PIB per capita) do município, que era de R$ 7 mil antes da chegada das eólicas, saltou para R$ 70 mil após as instalações. A alegação sobre prejuízos nos cultivos também é contestada. Números apresentados por Crispiniano durante a entrevista mostram que em 2023, mesmo com as eólicas, a safra de castanha foi 19.500 toneladas. Já a Associação dos Apicultores afirma ter vendido mais de 70 toneladas de mel em 2025.


“O juiz negou todos os pedidos e exigiu que as entidades provem que têm legitimidade para nos representar”, afirmou. A ação aponta ainda o aumento de uma doença nomeada como “Síndrome da Turbina Eólica”, que geraria um conjunto de sintomas como enxaqueca, tontura, desequilíbrio e dor no ouvido. “Em Serra do Mel, na equipe de saúde da família, na UPA, no hospital, no posto de saúde de cada vila, não consta uma pessoa doente com essa síndrome”, afirmou.

Por fim, o colono criticou os valores envolvidos na ação, que incluem não apenas os R$ 106 milhões solicitados como fundo reparador, mas também honorários advocatícios que chegariam a 15% do total, além de contratos individuais de 30% sobre qualquer valor obtido em nome dos colonos. “Não tem Mega-Sena que chegue junto”, ironizou.


Tribuna do Norte

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