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Pressão 12/8 é pré-hipertensão, mas não requer uso de medicamentos



Pressão 12 por 8 agora é indicador de pré-hipertensão. Uma nova recomendação médica indica que esse valor pode representar risco cardiovascular, conforme documento elaborado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), pela Sociedade Brasileira de Nefrologia e Sociedade Brasileira de Hipertensão. Especialistas ressaltam que, na fase de pré-hipertensão, o tratamento é baseado em mudanças no estilo de vida, sem indicação de medicamentos.

Segundo nova diretriz médica, a pressão arterial foi reclassificada em três faixas: Normal (menor que 120×80 mmHg), Pré-hipertensão (entre 120-139 x 80-89 mmHg) e Hipertensão (a partir de 140×90 mmHg).

De acordo com o Dr. Ferdinand Saraiva, cardiologista da Unimed Natal e vice-presidente da SBC-RN, o objetivo da medida é evitar que pessoas com pressão limítrofe – no limite – deixem de ser monitoradas e tratadas antes que desenvolvam hipertensão de forma plena, prevenindo complicações mais sérias, como infartos e AVCs.

“A ideia desta nomenclatura não é criar uma classificação que torne mais pessoas doentes, mas exatamente chamar a atenção para a possibilidade de se prevenir o desenvolvimento da hipertensão arterial”, explica Dr. Saraiva.

O conceito de pré-hipertensão não deve ser confundido com uma doença. Ele explica: “Eu gosto da analogia do sinal de trânsito: essa faixa de pré-hipertensão não é uma doença, mas é um sinal amarelo – ‘atenção’. Pode precisar de mais medidas de pressão, pode precisar ter mais cuidado com os hábitos de vida: dieta, exercícios, controle do peso, cessação do tabagismo.”

Para o médico cardiologista Filipe Rego, a medida é uma mudança de nome que reforça a necessidade de se implementar medidas não farmacológicas. “Antes, a pressão 120×80 era considerada normal, mas já com indicação de promover mudanças no estilo de vida. Essa diretriz reforçou a necessidade dessas medidas com essa nova nomenclatura. Não há indicação de se prescrever medicação para quem tem pressão 120×80”, alertou. Para melhora do paciente, ele indica perder peso, praticar atividade física, restringir o consumo de sódio e aumentar o potássio, parar de fumar, diminuir o consumo de álcool, ter um sono adequado e controle do estresse.

Ele explica que essa reclassificação é positiva para conscientização dos pacientes. “Quanto mais as pessoas se preocuparem em fazer o que tem que ser feito, menos problemas teremos no futuro”, explicou.

Outro ponto reforçado pelas diretrizes mais recentes é a necessidade de, em certos casos, realizar a medição da pressão arterial fora do ambiente do consultório. Isso porque, segundo os especialistas, os valores medidos no consultório podem não refletir com precisão a realidade do paciente por diversos fatores, como estresse ou nervosismo momentâneo.

Dr. Filipe Rego explica que exames como a MAPA (Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial) ou a MRPA (Monitorização Residencial da Pressão Arterial) podem ser solicitados para uma avaliação mais completa e precisa. Ele alerta que “a hipertensão é uma doença completamente silenciosa. A forma adequada de se identificar é avaliar dentro do consultório e, em algumas situações, em casa também.”
A cada 90 segundos, uma pessoa morre por doenças do coração

Os números mostram a gravidade do cenário: a cada 90 segundos, uma pessoa morre por doenças do coração. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 80% dessas mortes poderiam ser evitadas com mudanças simples de estilo de vida, prevenção e acompanhamento médico adequado.

O médico cardiologista Gustavo Torres, que atua no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN-Ebserh) e é especialista em arritmias e estimulação cardíaca artificial, ressalta que a hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Ele explica que “a descompensação a longo prazo da pressão arterial pode aumentar o risco de arritmias. A nova diretriz traz o alerta para o melhor controle da pressão nos níveis mais próximos da hipertensão.”

Para Gustavo Torres, o acompanhamento cardiológico segue sendo a principal ferramenta para a prevenção e estratificação de riscos. Ele destaca que “a avaliação cardiológica, com consulta e eletrocardiograma, continua sendo o principal estratificador. Valorizamos sempre as queixas, alterações ao exame físico ou eletrocardiograma e o histórico pessoal e familiar do paciente. A depender da situação, são feitos exames de monitorização mais prolongada. O mais comum é a monitorização de 24h (Holter). Em casos específicos, outros exames mais prolongados são necessários.”

Segundo ele, o tratamento medicamentoso para pacientes na faixa de pré-hipertensão é indicado apenas em casos muito específicos, como quando há risco cardiovascular elevado. “O foco deve ser o controle dos fatores de risco cardiovascular: perda de peso, redução de sal na dieta, prática de atividade física, cessação do tabagismo, moderação no álcool, controle de distúrbios do sono.”

Tribuna do Norte

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