O diretor de Transição Energética da Petrobras, Maurício Tolmasquim, classificou o lançamento da primeira planta-piloto de hidrogênio renovável da companhia no Brasil como um “momento histórico”. “É uma maneira de aproveitar a geração eólica e solar para produzir hidrogênio, que pode ser usado em vários setores, como combustível alternativo para a aviação e na produção de amônia verde, utilizada em fertilizantes. É o início de um processo que espero que faça do Brasil um grande produtor de hidrogênio”, afirmou.
A planta é resultado de um projeto-piloto desenvolvido em parceria com o Senai/RN e a empresa WEG, utilizando a tecnologia de eletrólise da água para transformar a energia solar em hidrogênio. Por utilizar energia renovável, o hidrogênio recebe a classificação “verde” e pode ser empregado como combustível no setor de transportes e como matéria-prima para produtos em outros setores, reduzindo as emissões de carbono.
A Petrobras explica que o investimento visa desenvolver habilidades e projetos em toda a cadeia de valor do hidrogênio de baixo carbono, incluindo produção, transporte, armazenamento e uso, tanto como matéria-prima quanto como vetor energético, apoiando novos negócios lucrativos, diversificados e sustentáveis. Os testes envolvem a mistura de hidrogênio com gás natural; análise do impacto da intermitência das energias renováveis; geração de energia elétrica em microturbina a gás e célula a combustível; infraestrutura para demanda elétrica das plantas de hidrogênio por eletrólise; além de rotas alternativas de escoamento e destinação do oxigênio gerado.
Tolmasquim explicou que a planta é um projeto-piloto para estudos e testes visando a futura produção em escala comercial. “O objetivo aqui é utilizar verbas de pesquisa e desenvolvimento para testar a tecnologia, a produção e o uso desse hidrogênio renovável”, acrescentou.
A governadora Fátima Bezerra afirmou que a escolha do Rio Grande do Norte para sediar o projeto demonstra o quanto o estado tem avançado e se preparado para assumir posição de vanguarda e pioneirismo na agenda da transição energética e da descarbonização. “O dado concreto é que isso fortalece a presença da Petrobras no nosso estado, priorizando a transição energética e a sustentabilidade”, declarou.
Ela destacou que 98% da energia consumida no estado já provém de fontes renováveis e que cerca de um terço dos parques eólicos do país está em solo potiguar, o que amplia o potencial do RN para se tornar um grande produtor de hidrogênio. “Isso significa desenvolvimento, pois o hidrogênio verde é a aposta mais concreta, segura e desejável para avançarmos no contexto das mudanças climáticas e da descarbonização do planeta”, pontuou a governadora.
RN é um dos locais mais atrativos do país, diz Senai/RN
O diretor do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), Rodrigo Mello, explica que o Rio Grande do Norte é um dos pontos mais atrativos para a instalação da cadeia de hidrogênio verde. “A principal matéria-prima está aqui: a maior capacidade instalada de energia eólica em terra e uma das melhores condições, no Brasil, para a geração de energia solar. Por isso, o Rio Grande do Norte é um dos principais pontos, talvez o ponto mais competitivo para a instalação de mais essa cadeia do setor de energia”, avalia.
A região de Alto do Rodrigues apresenta ainda outras vantagens, como um gasoduto, uma subestação com capacidade de escoamento e a maior usina de desmineralização de água do mundo, que é fundamental como outra matéria-prima para a geração de hidrogênio naquela unidade térmica da Petrobras. Para ser considerado “verde”, o hidrogênio precisa ser produzido a partir de uma fonte de energia limpa (eólica, solar ou hidrelétrica), e a Petrobras conta também com uma usina solar em expansão, que fornecerá energia para o setor.
“Lá, estamos construindo algumas hipóteses de modelo de negócio, que serão desenvolvidas neste projeto de pesquisa e desenvolvimento, para que em uma segunda fase a Petrobras possa tomar decisões sólidas, com base naquela situação, visando uma expansão voltada ao comércio e, talvez, à descarbonização da indústria termoelétrica no Brasil”, declara Rodrigo Mello.
Cláudio Oliveira
Repórter
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Tribuna do Norte
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