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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Menor vacinação faz coqueluche avançar ao maior nível em dez anos

Ano de 2024 teve 3.253 registros de casos notificados de coqueluche, por queda em vacinação

Vacinação em posto da Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal - Foto: Sandro Araújo/Agência Brasília.


A queda na vacinação aliada à maior tecnologia para diagnósticos levaram o ano de 2024 a registrar o maior número de casos notificados de coqueluche dos últimos dez anos. Foram 3.253 registros da doença neste ano, o que já supera o ano de 2013, com 3.113 casos, e perde apenas para 2014, quando foram registrados 8.622 casos da doença. Os dados são do painel epidemiológico do Ministério da Saúde (MS).

A infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio Libanês, atesta que a menor vacinação foi o principal motivo para o aumento dos casos neste ano, cujo patamar deveria estar em 95%. Mas também cita o melhor acesso a exames laboratoriais que usam biologia molecular, mais acessíveis nos últimos anos, o que melhorou a capacidade de confirmar os casos. Além do fato de não haver reforço vacinal para adolescentes contra a doença.

“No Brasil a vacina que protege contra coqueluche é aplicada nas crianças pequenas (com menos de 6 meses) e nos reforços nas crianças após 1 ano de idade. Os adolescentes não recebem o reforço que aumenta a proteção contra a coqueluche, diferente do que acontece nos Estados Unidos e na Europa”, explicou Dal Ben, à Agência Brasil.

Paraná lidera

O ano de 1990 foi um marco da sequência de queda dos índices de coqueluche por meio da ampliação da imunização. À época, eram cerca de 10 casos por 100 mil habitantes (índice de 10,0). Patamar superado apenas pelo estado do Paraná, que registrou coeficiente de 10,60.

A população paranaense também concentra 4 das 13 mortes registradas neste ano de 2024, com 1.224 óbitos, de acordo com o Ministério da Saúde.

No Paraná a cobertura da imunização com a vacina pentavalente em crianças é de 90%, enquanto a da DTP é de 86% no estado. Para gestantes, o índice das que não se vacinaram é de 53,3% (21.253 gestantes).

Em São Paulo, o segundo estado em total de casos, com 870 casos registrados no último boletim, a média de cobertura para crianças estava em 86,1% em setembro.

E a infectologista alerta para a queda na vacinação de gestantes, considerada preocupante por ser uma imunização estratégica para evitar a doença em crianças.

“Essa vacinação é extremamente importante, porque isso ajuda a proteger o bebê que vai nascer, que está ali na população mais vulnerável, com maior risco de adoecer gravemente, e a gente vacina também os profissionais de saúde que lidam com essas crianças pequenas”, concluiu Dal Ben.

Doença

A coqueluche é uma infecção respiratória transmissível causada pela bactéria Bordetella Pertussis. Ela compromete o aparelho respiratório, traqueia e brônquios, e se caracteriza por ataques de tosse seca. Presente no mundo todo, a doença é transmitida por tosse, espirro ou fala de pessoa contaminada.

A vacina é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o esquema primário inclui três pentavalente aos 2, 4 e 6 meses. Em seguida há reforços com DTP, que protege contra difteria, tétano e pertussis – tríplice bacteriana. (Com ABr)

Diário do Poder

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