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sábado, 28 de dezembro de 2024

RN aposta em energia eólica, turismo e petróleo para impulsionar o PIB


Expectativa é de que novos parques eólicos entrem em operação no Rio Grande do Norte em 2025| Foto: Adriano Abreu


Com o Rio Grande do Norte sendo líder na geração de energia eólica no Brasil e perspectiva de abertura de novos parques em 2025, o segmento pode ser um dos impulsionadores do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no ano que vem, segundo avaliações de especialistas e economistas. Além disso, o turismo aquecido com entrega de novos equipamentos e a fruticultura potiguar também são vetores de impulso do PIB potiguar, que tem projeção de crescer em cerca de 2 a 3% para 2025, segundo economistas ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE.

“No RN temos um cenário de crescimento bem positivo. Os índices estão em progressão, até pelas propriedades da nossa economia, como geração de energia, petróleo, exportações, alimentos, tudo tem tido variações positivas. Enxergamos que isso aconteça no ano seguinte se não houver nenhum fator atípico. A projeção é que continuemos nessa progressão positiva”, avalia o presidente do Corecon-RN, Helder Cavalcanti. “Nosso turismo também exerce um impacto muito significativo no resultado final”, cita.


A fruticultura potiguar, cuja exportação vai principalmente para a Europa, está em crescimento | FOTO: ALEX RÉGIS/ TRIBUNA DO NORTE

Ainda segundo Helder Cavalcanti, há expectativas de que o PIB potiguar seja superior ao do Brasil. “Aqui no RN o grande fator de produção são as exportações que temos, como a energia, o processo agrícola que temos uma produção bem vista em nível internacional. Não só o RN, mas outros estados do Nordeste têm apresentado esse desenvolvimento acima da média do Brasil”, acrescenta.

Helder Cavalcanti: há chance de o PIB do RN ser maior que o do País| Foto: Magnus Nascimento

O analista de economia Rodrigo Lima, ex-professor do departamento de Políticas Públicas da UFRN, cita que o último Boletim Focus projetou para 2,02% o PIB do Brasil do ano que vem, mas cita que o do RN deverá ser acima em virtude dos investimentos na matriz eólica e fruticultura do Estado. Ele lembra ainda que o Conselho Monetário Nacional (CNM) aprovou redução de taxas de juros para a indústria eólica, incentivando investimentos na diversificação e segurança da matriz energética.

“Essas medidas vão estimular ainda mais as indústrias eólicas no RN com diminuição de taxas de juros para novos investimentos. Esse com certeza é um grande vetor, além da retomada da economia no pós-pandemia, com setor de serviços muito forte. Vemos o comércio e o emprego, além dos vetores tradicionais, como o turismo”, cita.

Projeções

O Boletim Focus publicado pelo Banco Central (BC) nesta semana aponta que o PIB do Brasil tem projeção de 2,02% ante 3,49% em 2024. O índice do IPCA está projetado para 4,84% em 2025 ante 4,91% em 2024 e a taxa Selic com projeção de 14,75% para o ano que vem. Os números podem variar a depender de uma série de fatores, como conflitos, epidemias, e mudanças políticas e econômicas.

Segundo projeções da Confederação Nacional da Indústria, o PIB do Brasil deve crescer 2,4% no ano que vem. Para 2024, a CNI subiu para 3,5% a expectativa de alta do PIB, mais do que o dobro em relação à estimativa anunciada no fim do ano passado.

Segundo a CNI, os fatores que impulsionaram o crescimento da economia em 2024 também vão influenciar o ritmo da atividade no ano que vem, embora com menos intensidade. O consumo, por exemplo, deve crescer 2,4% em 2025, quase metade do previsto para este ano. Os investimentos, por sua vez, tendem a subir 2,6%, ante os 7,3% em 2024.

Para o economista Robespierre do Ó, as perspectivas de crescimento do RN e do Brasil são “pífias”. “Acho que é um crescimento pequeno: um estado pobre como o nosso crescer 2% é nada, é crescimento vegetativo da população. É muito pequeno para uma situação que vivemos hoje, em que precisamos gerar emprego, renda e riquezas para poder dar um bem estar para a população do Estado. Quando você cresce 2% não se cresce nada. Quando você imagina que o Brasil já cresceu 15% ao ano, 10% ao ano, e hoje ficamos satisfeitos com 3%, estamos sendo pequenos”, opina.

“Os agentes do mercado rentista projetavam uma taxa muito mais baixa e o desenvolvimento do Brasil apresentou taxas muito mais significativas para o crescimento do PIB nacional, inclusive do RN. Para o ano de 2025 acredito que essas taxas devem permanecer próximas, ou seja, em média de 2,5 a 3%, se mantivermos o patamar de desenvolvimento, de crescimento que temos há algum tempo. É uma boa notícia para a economia”, opina o economista e professor da UFRN, William Eufrásio.

Fortalecer pequenos negócios e PPPs é alternativa para crescer

Entre as alternativas para alavancar a economia no âmbito do Rio Grande do Norte, segundo avaliações dos especialistas ouvidos pela TN, estão a possibilidade de Parcerias Público-Privadas e fortalecimento dos pequenos negócios, responsáveis por grande parte das contratações no mercado de trabalho.


“Nosso turismo tem um impacto interessante no nosso resultado final e esse é um dos fatores que eu coloco: a partir do momento em que começarmos a valorizar as belezas naturais que temos, algumas medidas que o Governo está colocando em prática para buscar PPPs, podem e devem incrementar nossa economia. Temos uma Via Costeira maravilhosa que precisa ser melhor aproveitada. O turista chega e fica ilhado no hotel. Se houvesse formas de usufruir dessas belezas, isso representaria um incremento de negócios, de circulação de dinheiro e, consequentemente, de melhoria da nossa economia”, cita Helder Cavalcanti.

Para o ex-professor do Departamento de Políticas Públicas da UFRN, Rodrigo Lima, o momento é de “fortalecer as bases” e incentivar a geração de empregos formais no Estado em 2025.

“O momento é de fortalecer as bases da economia no sentido estrutural. As parcerias entre o setor público e o privado são uma alternativa, mas precisa-se de medidas para gerar empregos de forma sustentável. A metáfora que se faz é que em alguns momentos o governo comemora a alta do PIB ou as expectativas como uma família saindo de férias no seu carro e estivesse feliz com isso. O que os economistas chamam a atenção é que a gasolina desse carro pode acabar. Então é importante ter medidas que fortaleçam estruturalmente o crescimento do PIB são o caminho que o governo deveria seguir”, finaliza.

Na avaliação do economista Robespierre do Ó, o Governo do Estado precisa “fazer seu dever de casa” no tocante à parte fiscal em 2025.

“Atualmente temos um crescimento das receitas correntes pequeno e quando você olha o crescimento dos impostos e da receita do Estado, é insuficiente para cobrir a principal despesa, que é a folha de pagamento. Há necessidade de o governo fazer o dever de casa com seu ajuste fiscal, fazendo com que o que o Estado arrecada caiba dentro do que gasta, e não fazer aumento de impostos e, em seguida, fazer aumento de folha salarial. Se eu preciso de mais impostos para resolver meu problema da despesa, não posso criar mais despesa. Há uma necessidade do Governo, ALRN, Judiciário e MP sentarem e discutirem os problemas fiscais do Estado”, completa Robespierre do Ó.

Alta do dólar e inflação: cenário gera preocupação

As projeções para a inflação em 2025 registraram uma piora, segundo o boletim Focus divulgado nesta segunda-feira (23) pelo Banco Central. A piora generalizada também afeta a taxa de juros e dólar futuro para o próximo ano.

Segundo o boletim, a projeção para o IPCA, índice oficial de inflação, subiu de 4,60% para 4,84%, superando a meta do Banco Central, que é de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual. Em relação à Selic (taxa básica de juros), a estimativa saltou de 14% para 14,75%. Atualmente a Selic está em 12,25%, e o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC indicou que fará ao menos dois aumentos de 1 pp no início de 2025, que levariam a taxa a 14,25%.

Na avaliação do professor do Departamento de Economia da UFRN, William Eufrásio Nunes Pereira, uma das condicionantes para a inflação no ano que vem é o regime de chuvas, que afetam o mercado de maneira geral.

“Em alguns momentos no período de entre safra se tem uma pressão inflacionária maior e no período da safra uma inflação menor, fruto exatamente da oferta maior de produtos alimentícios. A inflação vai depender muito do inverno do próximo ano. Os meteorologistas estão prevendo um inverno normal, então não vai haver nem geadas nem secas grandes. Então se o inverno for regular a pressão por parte dos bens alimentícios que normalmente é forte não será tão forte e a taxa da inflação se manterá muito próximo da meta, que é de 3,5%, então ela deve ficar algo entre 4 e 4,5%”, explica.

Com o dólar enfrentando um dos maiores índices de sua história no Brasil, o cenário para 2025 gera preocupação. Na última quinta-feira (26), a moeda fechou com R$ 6,17 após injeção de liquidez por parte do Banco Central (BC). Na semana passada, a moeda atingiu a cotação histórica de R$ 6,26.

“A médio prazo, em torno de três meses, esse cenário é um grande desafio para o Governo. Há uma mudança na gestão do BC e quem está assumindo agora tem que ter uma nova postura, mas já sinaliza nesses três meses ainda com elevação, mas eles têm algumas medidas que não foram divulgadas, mas esperamos que consiga-se controlar”, cita Helder Cavalcanti, presidente do Corecon-RN.

“O dólar é um fator preponderante no crescimento dos negócios, tanto em nível local quanto internacional. Tudo que produzimos tem um componente externo que é mensurado pelo dólar. O grande desafio para 2025 é conseguir controlar esses impactos e não ofuscar nosso desenvolvimento”, cita o economista.

Segundo os economistas ouvidos pela TN, a alta do dólar afeta custos de produção e pode ter impactos no Rio Grande do Norte e do Brasil. Um dos exemplos é o trigo, utilizado na produção de pães, bolos e outros derivados, em que o Brasil importa 70% do trigo consumido.

“O pão de cada dia do brasileiro vem do trigo, que tem custo em dólar. Se ele aumenta, o trigo aumenta e, com isso, o preço do pão aumenta. O Banco Central, quando viu a tendência de alta do dólar, era para ter feito uma intervenção e não ter deixado essa escalada chegar até onde chegou”, explica o economista Robespierre do Ó.


Tribuna do Norte

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