A combinação de esforço físico, temperaturas altas, alimentação desregrada e uns goles de álcool a mais, é a receita para atravessar o samba (ou frevo) e perder o passo quando o assunto é carnaval. O ritmo nesses dias torna-se mais intenso e, como consequência, o corpo perde muita água, especialmente se não estiver hidratado e o consumo de álcool for excessivo.
“O excesso de álcool pode provocar desidratação e hepatite uma vez que todo o metabolismo do álcool ocorre no fígado. A falta de uma boa hidratação é o principal motivo. As pessoas bebem muito e esquecem de tomar água”, afirma a nutricionista Fátima Nunes. Os sintomas clássicos dessas estripulias são dores de cabeça, fadiga, cansaço, náuseas e dores no corpo. Além, é claro, da sensação de ressaca e indisposição no dia seguinte.
Para manter a hidratação, a ingestão de água deve ser priorizada e intercalada com as bebidas alcoólicas, na proporção de um copo de água para dois de bebida. A nutricionista recomenda que o folião procure sempre andar com uma garrafinha de água ou ficar comprando água mineral. A água de coco também é uma excelente opção para hidratar, e uma grande aliada no combate à ressaca. Beber água de coco após o alto consumo de álcool promoverá a reposição do líquido perdido, amenizando desconfortos.
Sabor de folia
A alimentação também é algo importante para manter a energia na folia, apesar de muitos acharem que é algo secundário no meio da festa. Não é. Fátima Nunes ressalta que não é apenas questão de quantidade, mas também do tipo de comida que será ingerida. Para antes de cair no asfalto, recomenda-se um café da manhã reforçado com carboidrato (pão, cuscuz, tapioca), proteínas como frango e atum; e frutas ricas em água, como melancia e melão, são boas escolhas para começar o dia.
“Antes da folia o ideal é consumir carboidratos como cuscuz, tapioca, macarrão e batata doce, para fornecer bastante energia ao fígado”, diz. E durante as festas, dançando nos blocos ou correndo atrás do trio, também é recomendável comer alguma coisa – mas não qualquer coisa. “Se for de boa procedência, pode comer sim. Sempre beber comendo. Os churrascos são indicados, as pizzas, sanduíches, tudo que dê energia ao fígado”, completa.
O alimento auxilia o fígado a obter energia para processar a bebida alcoólica, sendo que, nesse contexto, o carboidrato é a principal fonte energética. A ingestão de frutas cítricas pode ser benéfica, uma vez que são antioxidantes; e alimentos como as oleaginosas são recomendados por conterem vitaminas do complexo B. Destaca-se também o uso de vitaminas C e E, que podem fornecer suporte adicional ao organismo durante o período festivo de quem quer ingerir álcool.
E no dia seguinte, com a ressaca massacrando o corpo do folião, o que fazer? A nutricionista recomenda que se beba bastante água-de-coco, consuma frutas aguadas como melão e abacaxi, e também os carboidratos já citados, como tapioca, pão, cuscuz, e macarrão. O consumo de frutas auxilia no aporte de carboidratos ricos em fibras que podem garantir uma boa quantidade de energia para os intervalos. O gengibre, a hortelã e os chás naturais como hibisco, boldo, alecrim, dente-de-leão também podem auxiliar no funcionamento do fígado e do estômago.
Fátima Nunes alerta que devem ser evitados alimentos gordurosos como feijoada, buchada, e frituras de um modo geral, já que são de mais difícil digestão. A ideia é evitar o desconforto gástrico o máximo possível. Alimentos muito manipulados como salada de maionese, tortas, pastéis, cremes e molhos também podem aumentar os riscos de contaminação cruzada, causando efeitos como distensão e dor abdominal, gases, má digestão e até mesmo quadros mais graves de infecções no trato gastrointestinal.
A nutricionista ressalta que é possível estabelecer uma dieta especialmente adequada para o carnaval. Consistiria em bastante frutas, além de ovos, queijos brancos, inhame, cará, macaxeira, batata-doce, cuscuz, macarrão com molho de tomate, frango, e água-de-coco. Uma folia gastronômica bastante saborosa e adequada a um corpo brincante e cheio de energia.
Moderados e felizes
A fotógrafa Márcia Veríssimo já tem alguns bons anos de carnaval, e aprendeu que quem se cuida brinca mais e melhor. “Com o tempo a gente aprende a manter um equilíbrio. Hoje eu bebo muita água e procuro moderar na bebida, não quero ficar embriada ao ponto de perder a noção do que estou fazendo”, diz ela, que neste ano vai se dividir entre Natal e Recife. Ela afirma que sua folia é “precavida”, principalmente pela onda de calor ainda vigente, e que exigirá muito mais cuidados com a hidratação.
Além da “água que passarinho bebe”, Márcia também procura energizar o corpo com frutas e caldinhos, ideais após um arrastão daqueles. “Eu também procuro me alimentar bem antes de sair de casa, porque não quero passar mal na rua”, diz. A fotógrafa já está em clima de carnaval há algum tempo, participando de diversas prévias – inclusive a própria, com o projeto Vitória Régis, no qual reúne jovens senhoras para diversas atividades.
Pernambucano residente em Natal, o jornalista Elias Bernardo não abre mão de curtir o carnaval na terrinha. E ele conhece bem o território para se cuidar. “Considerando que o clima em Olinda é mais abafado que o de Natal, eu me hidrato bastante antes de ir pra folia, tomo um café da manhã reforçado, e sucos mais cítricos, além de fazer uso de protetor solar”, diz.
Segundo ele, outra coisa que o ajuda a curtir a festa sem maiores sobressaltos, é intercalar os momentos de beber álcool e tomar uma água. “E procuro ficar um pouco em um lugar mais arejado pra descansar também. No mais é isto, ficar atento aos sinais do corpo para uma desidratação”, afirma.
A arquiteta Wire Lima afirma não se considera um grande exemplo de moderação na folia, mas procura manter o básico para se proteger. “Bebo água, passo protetor solar e tomo um sal de fruta quando preciso. Agora estou dando uma maneirada porque já estou ficando ‘velha’, mas sempre é por volta de três cervejas e uma garrafa de agua. O calor está horrível também”, diz.
Ela é uma foliã que se divide entre Natal e Olinda, e precisa de bastante disposição para dar conta desses trajetos. Na hora de comer, ela diz que seu prato favorito é a tradicional carne de sol com macaxeira, mas no geral, é o que se encontra pra vender na rua entre ladeiras e bloquinhos. “Esse ano vou tentar levar umas marmitas pra levar, mais saudáveis”, conclui.
Tádzio França
Repórter
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Tribuna do Norte
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