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sexta-feira, 26 de abril de 2024

No RN, 428 mil convivem com falta de comida de forma moderada ou grave


Dados do IBGE mostram que cerca de 428 mil potiguares convivem, em algum grau, com a fome. O número foi divulgado nesta quinta (25) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) e corresponde à quantidade de pessoas no Estado que afirmaram sofrer com a diminuição da quantidade de comida, no último trimestre de 2023, de forma moderada ou grave.

O IBGE aponta que o RN possui 167 mil pessoas em situação de insegurança alimentar grave e outras 261 mil pessoas em insegurança alimentar moderada. A escala utilizada pelo Instituto considera insegurança moderada quando as pessoas da família precisam diminuir a quantidade e qualidade da alimentação e pular refeições pela falta de alimento. Já quando há insegurança grave, as pessoas chegam a ficar sem nenhuma comida por um dia ou mais. Na insegurança alimentar grave, a privação do alimento atinge também as crianças.

A metodologia da pesquisa envolve um questionário sobre a situação alimentar do domicílio nos 90 dias que antecederam a entrevista. “A gente não fala de pessoas [individualmente], a gente fala de pessoas que vivem em domicílios que têm um grau de segurança ou insegurança alimentar”, destaca o pesquisador do IBGE Andre Martins.

Sobre o quantitativo de pessoas em situação de insegurança alimentar, o secretário adjunto de Trabalho e Assistência Social do Rio Grande do Norte, Adriano Gomes, explica que é um número “inquietante” e cita que o Estado tem investido em políticas públicas para mitigar esse número, como Programa do Leite e Restaurante Popular.

“Acredito que o Estado é capaz de tirar novamente o Brasil e os municípios do Mapa da Fome. A descontinuidade de políticas públicas foi que levou essa população para extrema pobreza e consequentemente para a fome. Estamos num processo de retomada. Até 2022 havia empurramento das pessoas para extrema pobreza, com desvalorização dos programas de transferência de renda, segurança alimentar e nutricional, a desconstituição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar. Isso foi uma medida grave”, opina.

O secretário cita ainda que dados da pesquisa do IBGE classificam o Rio Grande do Norte como o estado do Nordeste com a melhor taxa domiciliar de segurança alimentar. No último trimestre de 2023, quando a pesquisa foi realizada, 66,6% dos domicílios estavam nessa situação.

“Esse dado do IBGE mostra que estamos numa tendência de garantia de segurança alimentar e de redução da insegurança alimentar leve, moderada e grave, porque quando olha-se os números do RN, a insegurança grave é o menor percentual do Nordeste”, explica.

No comparativo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, a proporção de domicílios potiguares em que as famílias têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e quantidade, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, subiu de 59% para 66,6% em 2023, enquanto à de domicílio em situação de insegurança alimentar grave caiu de 7,6% para 4,9%.

“Em 2023 tínhamos 511 mil famílias no Bolsa Família. Agora em 2024 temos 502 mil famílias no programa. Há uma crescente no Governo do Estado com incentivo a geração de emprego, trabalho e renda e as famílias estão se emancipando e tendo acesso ao alimento, quer seja no incremento de merenda escolar, na volta do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Estamos num processo de retomada efetiva ao combate a fome”, acrescenta.

O professor e especialista em economia, Thales Medeiros Penha, aponta que um dos fatores que explicam a insegurança alimentar e o fato de ainda 428 mil pessoas passarem fome no RN está atrelada ao alto número de pessoas com baixa renda.

“No Brasil, há vários motivos que levam à insegurança alimentar, um deles é o acesso, que está vinculado à renda. Temos uma quantidade expressiva de pessoas de baixa renda. Cerca de 40% dos domicílios em média tem renda de R$ 514 para dar conta de todas as despesas, então esse é um dos fatores. Apesar dos programas sociais, que impactam positivamente, não alcançam todo mundo. E o valor não é suficiente para erradicar a insegurança alimentar em todos os seus níveis. O RN é um estado que, apesar de termos a maior renda média do Nordeste, ela é mal distribuída. Temos concentração de renda nos 10% mais ricos, então temos uma quantidade de pessoas em baixa renda e vulnerável muito elevada. É um cenário do Norte-Nordeste”, acrescenta.

No quarto trimestre de 2023, tendo como referência os três meses anteriores à data de realização da pesquisa, dos 78,3 milhões de domicílios particulares permanentes no Brasil, 72,4% (56,7 milhões) estavam em situação de segurança alimentar, ou seja, tinham acesso permanente à alimentação adequada. Essa proporção cresceu 9,1 pontos percentuais (p.p.) frente à última pesquisa do IBGE a investigar o tema, a POF 2017-2018, que havia encontrado 63,3% dos domicílios do país em situação de segurança alimentar.

No entanto, 21,6 milhões de domicílios (27,6%) eram afetados por algum grau de insegurança alimentar. A forma mais grave englobava cerca de 3,2 milhões de domicílios (4,1%). Os dados são do módulo Segurança Alimentar da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, divulgado hoje, 25, pelo IBGE.

A proporção de domicílios em segurança alimentar havia atingido nível máximo em 2013, (77,4%), mas caiu em 2017-2018 (63,3%). “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário”, explica André Martins.


Tribuna do Norte

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